terça-feira, 17 de novembro de 2009

Minha experiência pessoal - Parte III

Fiquei muito satisfeita em saber que leram a minha carta e me responderam.
Logo depois recebi uma solicitação de amizade em um site de relacionamente de uma sobrinha de umas das pessoas que eu havia mandado a carta muito curiosa acerca de minha pessoa.
Mantive contato com essas pessoas, primeiramente, por e-mail e depois começamos a manter contato via telefone e o contato se estendeu a outras pessoas, também possíveis parentes.
Juntei um dinheirinho e comprei minha passagem para a Sardenha para maio deste ano. Nossa! Como o tempo se arrastou...
Mas uma coisa muito triste aconteceu nesse meio tempo, meu avô, filhos dos imigrantes Antonietta Scarpa e Bernardo Cocco, José Cocco, veio a falecer em 06.01.2009. Ele gostava muito de saber acerca das conversas e ficou muito feliz de saber que eu iria a cidade de seus pais. A senhora Rosalia me mandou fotos da Cidade de Tissi e fotos da Rua onde seus pais nasceram. Lembro de ter visto lágrimas nos olhos do meu avô, coisa que era muito rara. Nós últimos meses ele vinha sofrendo de moléstias, mas mesmo doente ele sempre se lembrava desse assunto e quando a lucidez estava indo embora lembro da minha avô pergunta: "José, você não quer ir pra Itália com a Marcela?", e ele respondia: "Quero!", e acabava por comer.
Devo confessar que nesse meio tempo, apesar de ser a realização de um sonho esse sonho ficou atrás da penumbra da morte de meu avô. Eu sabia como ele gostaria de ir comigo e tê-lo aqui comigo para compartilhar os acontecimentos da volta, pois seu cardiologista já o havia proibido de realizar viagens longos e, que dirá uma como essa, onde a emoção afloraria.

Chegado o dia 11.05.2009 eu e meu namorado embarcamos com destino a Itália.
Quando chegamos ao aeroporto de Roma foi... incrível. Aquela cidade que eu sempre havia ouvido falar na televisão, em revistas, filmes... estava ali diante de mim. Fomos ao Vaticano e ficamos boquiabertos com tudo o que vimos. Eu em particular fiquei emocionada de estar ali e ainda poder ver a Pietà de Michelagelo de perto. Algo que só via em meus sonhos.
No dia 12.05.2009 chegamos, à noite, na Sardenha. Devo confessar que quando o piloto anunciou que íamos posar não contive a emoção. Somente conseguia pensar no meu avô e como ele gostaria de estar ali e ficaria feliz de escutar meu relato acerca de tudo o que aconteceu.
Desembarquei chorando, mas fiquei feliz ao ver a recepção que nos esperava no aeroporto de Fertilia, em Alghero: Senhor Ignazio (uma das pessoas que mandei a carta) e sua esposa, Senhora Carmen, Ilaria, com quem me correspondia por meio do site de relacionamento, acompanhada de um amigo e Senhor Benito Condemi, um amigo do Senhor Ignazio com quem me comunico por e-mail.





CONTINUA...
segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Minha experiência pessoal - Parte II

Fazendo pesquisas na Internet descobri que o arquivo público do Estado de Minas Gerais mantém até a presente data os livros da Horpedaria Horta Barbosa, Hospedaria dos Imigrantes de Juiz de Fora.
Prontamente liguei para o Arquivo e verifiquei como proceder a fim de obter informações acerca da passagem de ambas as famílias (paterma e materna, respectivamente, Cocco e Scarpa) por aquela hospedaria. E assim procedi.
Passados alguns dias eu recebi em casa com grande entusiasmo ambas as certidões. E para a minha grande surpresa eu vi que meu bisavô e sua família também eram sardos e, o mais incrível ainda, também de Tissi.
No dia seguinte me dirigi ao COMITES, órgão do Consulado ao qual deve-se recorrer a fim de requerer certidões na Itália. A funcionária escreveu a carta ao Cartório da cidade de Tissi com os dados que eu forneci solicitando a certidão de meu bisavô e me deu para postagem.
Saindo do Consulado fui prontamente aos correios e paguei o meio de envio mais caro que havia para que a carta chegasse logo e eu pudesse o mais rápido possível ter a confirmação de que meu bisavô também era de Tissi.
Enquanto esperava a resposta passei a realizar pesquisa acerca da imigração italiana, principalmente a sarda no Brasil. Em uma dessas oportunidades eu estava conversando com bibliotecária de Consulado acerca de toda essa história e disse a ela que meu avô se lembrava parte do endereço das cartas: Sassari, Via Roma e que essas cartas eram mandadas pela família de minha bisavó.
A bibliotecária me falou de um site que eu desconhecia, chamado pagine bianche (
http://www.paginebianche.it/), por meio do qual é possivel localizar o telefone e confirmar o endereço de pessoas na Itália por meio da Internet.
Mediante a dica que ela me deu acessei o site e preenchi os dados: que eu possuía.
Para minha alegria achei 3 pessoas que moravam na Via Roma e com o sobrenome que eu buscava. Com a ajuda de minha professora no Consulado naqueles dias escrevi 3 cartas, endereçadas a cada pessoa achada, instruindo-as com todos os documentos que eu possuia.
Nesse interim chegou a resposta do Cartório de Tissi e realmente meu bisavó também nascera naquela cidade que passei a amar e desejar conhecer mais que tudo.
Recordo que no Fantástico seguinte passou uma repostagem da Fernanda Montenegro indo visitar a Sardenha, terra de seus avôs maternos (de sobrenomes Piras, Pinna, Niedo, Ferrari). Lembro que chorei igual a criança, pois mais do que tudo era meu sonho também estar ali, mas não em Oristano, de onde a família dela era, mas em Tissi que eu já havia pesquisado e sabia que tratava-se de uma cidade muito pequena localizada no noroeste da Ilha.

Veja o video da Fernnada Montenegro em visita a Sardegna:
http://www.youtube.com/watch?v=-oZHVxCQgFk.

Na carta que enviei aos meus possíveis parentes mandei meu e-mail, telefone, endereço e sites de relacionamento onde eu estava cadastrada para que os mesmos pudessem fazer contato comigo. Cada dia de espera e incerteza quanto ao possível contato era... pode-se dizer, assustador, pois eu não sabia como os mesmos reagiriam quanto a minha carta e se gostariam de fazer contato comigo ou ao menos saber quem eu era ou acreditariam em mim.
Eu lembro que estava no Estado do Espírito Santo, a trabalho, pouco antes do meu aniversário, no ano de 2008 e recebi um e-mail de uma senhora chamada Rosalia que me disse ser amiga de uma das viúvas de um dos senhores a quem mandei as cartas.


Bandeira da Sardenha, mais conhecida como bandeira dos quattri mori

CONTINUA...
sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Minha experiência pessoal


Desde pequena ouvia meu avô falando sobre seus pais e a terra distante da qual eles vieram, a vida dura, que passava desde o trabalho pesado até o preconceito e descaso por serem italianos.
Um dos acontecimentos que mais me chocavam era a morte de uma das irmãs de meu avô, após a Segunda Grande Guerra, é que ele sempre narrava com grande descontentamento e lágrima nos olhos, que nenhuma Justiça havia sido feita, pois o assassino de sua irmã, seu cunhado, era de família bastada e portuguesa, e eles eram somente mais um dos muitos miseráveis imigrantes italianos (por isso sempre facistas), fato este que levou a mão dos mesmos, Antonietta Scarpa, a afundar numa profunda depressão aliada a vários outros problemas de saúde, que culminaram anos depois em sua morte, em decorrência da tristeza pela morte da filha e pelo descaso como o caso foi tratado pelo simples fatos de ser ela, sua mãe, uma simples imigrante italiana como seu esposa, Bernardo Cocco, e nada foi feito em decorrência da morte de sua filha.
Apesar de distantes de sua terra, principalmente sua mãe, sempre manteve contato com os parentes que permaneceram na Itália, por meio de cartas.
Meu avô contava, ainda, que na década de 60 sua mãe e tia (respectivamente, Antonietta Scarpa e Maria Scarpa, italianas) receberam uma carta do Consulado Geral da Itália no Rio de Janeiro. Esta carta informava que as mesmas, na falta de seu pai, naquele tempo já falecido (Giovanni Battista Scarpa) haviam recebido uma herença na Itália, baseada em uma propriedade rural na terra natal de minha bisavô e que, dados aos fatos e a família aqui constituída forneceria a todos que quizessem na Itália residir, passagens, uma vez que a terra era produtiva e valorizada.
Sua mãe se emplogou muito, mas meu avô que era o segundo dos filhos mais jovem, havia se casado e minha avó estava com meu pai em seu ventre, aliado a todos os seus irmãos e irmãs estarem na mesma situação, ninguém quis retornar junto com sua mãe para a Itália, tendo sido este o último sonho da mesmo, pois ele sempre dizia: “Lá ela foi feliz, teve uma infância feliz, apesar de simples e gostaria de rever a sua Terra Natal pelo menos uma vez antes de partir”.
Nesse interim uma familiar de sua mãe enviou uma carta implorando que as terras não fossem vendidas, pois sua família ali residia e tirava o sustento daquelas terras, e no caso da venda ficaram em total miséria.
Assim, meu avô pessoalmente deu as terras em usufruto e sempre que houver um Scarpa lá, eles poderam usufruir das terras da família para seu sustento.
Com o passar dos anos as cartas foram ficando cada vez mais raras, minha bisavó veio a falecer até que as cartas cessaram de vez e o laço que unia a família que para cá veio e lá ficou foi rompido.
Eu sempre gostei de tudo que dizia respeito a Itália, desde sua música, língua, geografia… simplesmnete tudo, talvez por influência das histórias que sempre ouvi durante toda a minha vida.
Quando fiquei maior e passei a ter maior entendimento e oportunidade passei a cursar o curso de língua italiana oferecido pelo Instituo Italiano di Cultura, no Consulado da Itália, no Centro do Rio de Janeiro.
Tudo o que meu avô lembrava era o nome “Sassari, Via Roma”. Como eu estava no Consulado pelo menos 2 vezes por semana, resolvi dirigir-me junto ao setor onde se localizam os documentos arquivados dos italianos, devidamente munida da carta recebida pela irmã de minha bisavó, dando-lhe o direito a herança, o passaporte das mesmas e o comprovante de vacina, ambos datados de 1896, pois face a tratativa da herança ter sido efetuada dentro do Consulado, eu acreditava que poderia encontrar alguma coisa acerca de minha família “perdida”.
Depois de várias horas de espera fui atendida e localizaram uma pasta em nome de meu tataravô, Giovanni Battista Scarpa, com várias documentos aos quais não tive acesso sob a alegação de que os mesmos tratavam-se de documentos consulares. O único documento ao qual pude ter vista foi a certidão de nascimento de minha bisavô e pedi a Sra. que me atendia se poderia me dar uma cópia de ao menos aquele documentos, pois tinha certeza que meu avô ficaria muito contente de poder ver a certidão de sua mãe. A sra., acho que compadecida de meu pedido asustada com minha reação de total felicidade, me fez o favor de me fornecer uma cópia. Agora eu tinha certeza da cidade onde minha bisaó havia nascido: Tissi.
Buscando essa cidade na Internet pude constatar que tratava-se de uma pequena cidadezinha da Ilha da Sardenha, ilha esta até então totalmente desconhecida por mim, mas que passei a amar de imediato e desejar com todo o meu ardor conhecê-la.
Minha avó me contava que nas suas conversas com sua sogra, Antonietta Scarpa, esta havia relatado que havia conhecido seu marido, Bernardo Cocco, em Minas Gerais, em uma fazenda onde a família de ambos trabalhavam.

Eu e meu avô, José Cocco

CONTINUA…
sexta-feira, 23 de outubro de 2009


Sempre ouvi de meu avô história sobre a família distante e as bravuras, aventuras, desventuras, alegrias, tristezas de seus pais e avôs em terras brasileiras, após terem vindo, por motivos diversos às terras brasileiras de um país não muito distante, mas muito intrigante e cheio histórias chamado Itália.
Resolvi começar as minhas pesquisas, reencontrei minha família na Itália e reconstrui minha árvore genealógica desde o século XVI, mas senti ainda mais orgulho de meus antepassados por tudo que foram e são para a história do Brasil e da Itália.
Eu, em particular, sou proveniente de um pequeno grupo de descendentes, os sardos, pessoas provenientes da antiga e belíssima Ilha da Sardenha, já que os sardos foram a minoria na história da imigração italiana para o Brasil.
Até reencontrar minhas origens realizei um árduo estudos e inúmeras pesquisas em arquivos governamentais, tanto brasileiros como italianos, além de estudar muito em livros de história e autobiografias de imigrantes, ... e gostaria de repartir com outras pessoas como eu, descendentes de italianos ou aqueles que simplesmente amam a Itália e seu povo, tudo o que descobri, material que colhi, lugares que conheci, estória que ouvi e li, dentre outros.


Saluti a tutti!!


Marcela Cocco


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